O toque de guitarra flamenca
O toque de guitarra flamenca
Os guitarristas flamencos são conhecidos como tocaores. A técnica e a postura do toque flamenco são diferentes das da guitarra clássica. O tocaor cruza as pernas e apoia a guitarra na perna mais elevada. Coloca o braço quase horizontalmente. O instrumento específico é a chamada guitarra flamenca. Embora ultimamente os mais modernos usem também a guitarra clássica. A guitarra flamenca é menos pesada. A sua caixa também é mais estreita, tendo uma sonoridade menor para não eclipsar o cantaor. A madeira costuma ser cipreste, tendo o braço feito em madeira de cedro, e abeto na tampa. Antigamente, utilizava-se pau-santo da Índia ou do Rio. Sendo este último de maior qualidade. Mas atualmente esta madeira está em desuso devido à sua escassez. O cravelhame mais usado no flamenco costuma ser de metal.
As técnicas utilizadas pelos tocaores são o picado, a alzapúa, o trémolo e o rasgueo. O uso do polegar é também característico do toque flamenco. Os tocaores apoiam o polegar na tampa harmónica da guitarra. O dedo indicador e médio na corda superior à que estão tocando. Assim se logra uma maior sonoridade e potência. O dedo médio também se apoia no golpeador da guitarra para conseguir maior precisão e força ao tocar a corda. O golpeador como elemento de percussão dá grande força à interpretação flamenca.
Como são as técnicas dos tocaores
Picado: passagens de escala de uma só linha, interpretadas tocando alternadamente o dedo indicador e médio, apoiando os outros dedos na corda imediatamente anterior. Os métodos alternativos incluem o uso rápido do polegar nas cordas adjacentes, assim como o uso do polegar e do indicador alternadamente, ou combinando os três métodos numa só passagem.
Rasgueado: tocar a guitarra com rasgueio, ou fazendo gestos para o exterior, com os dedos da mão direita, de várias maneiras. Obtém-se um bom ambiente rítmico, supostamente reminiscente dos pés e uso de castanholas pelo bailaor flamenco. Pode ser realizado com 5, 4 ou 3 dedos.
Alzapúa: é uma técnica de toque com o polegar, que tem suas raízes na técnica do plectro de alaúde. O polegar da mão direita é usado tanto para cima como para baixo para notas de uma só linha e/ou rasgueando através de um número de cordas. Ambos são combinados em rápida sucessão para dar um som único.
Trémolo: Repetição rápida de uma só nota aguda, muitas vezes após uma nota de baixo. O trémulo flamenco é diferente do trémulo da guitarra clássica. Geralmente é tocado com o padrão da mão direita p-i-a-m-i- (polegar-indicador-anular-médio-indicador), o que dá um trémulo de quatro notas.
Os toques, além disso, classificam-se segundo o tipo de interpretação:
- Toque airoso: é rítmico, vivaz e de sonoridade brilhante. Quase metálica.
- Toque cigano ou flamenco: profundo e com pellizco, usando os contratempos e os bordões.
- Toque pastueño: é lento e tranquilo.
- Toque sóbrio: sem nenhum ornamento nem excessos supérfluos.
- Toque curto: é pobre em recursos expressivos e técnicos.
- Toque frio: carece de profundidade e de pellizco.
A falseta, quanto a acompanhamento, é a frase melódica ou o "floreo", que se intercala entre os acordes que acompanham a copla. Da mesma forma, diz-se de acompanhar ou tocar por cima -tom agudo- (usando a digitação do acorde de “mi” maior) e por meio (“la” maior), independentemente de ter sido transportada ou não com a capotraste. O toque a solo e o acompanhamento dos tocaores baseiam-se tanto no sistema harmónico modal como no tonal. Mais frequente é fazer uma combinação de ambos.
Alguns cantes são interpretados “a palo seco”, ou seja, a capella.

Foto de Jefferson Santos em Unsplash